A Psicologia Histórico-Cultural na Clínica é um tema relativamente novo e que ainda traz dúvidas em muitas pessoas. Você é uma delas? Nós do NPHC pesquisamos e atuamos nessa área nos últimos anos e podemos ajudar você a entender melhor.
Quer saber mais? Confira 3 entre as principais características da Psicologia Histórico-Cultural na Clínica!
1. É Dialética
A principal base epistemológica da Psicologia Histórico-Cultural é o Materialismo Histórico-Dialético, filosofia desenvolvida por K. Marx.
Uma das ideias básicas dessa filosofia é a compreensão de que a realidade material, ao longo da história humana, transforma-se a partir de conflitos, de contradições. Ou seja, transforma-se dialeticamente.
Em um contexto social, observa-se a luta de classes e a tomada e transformação dos meios de produção de determinada sociedade. Em um contexto pessoal, observa-se a transformação da maneira como o sujeito interage e transforma o mundo ao seu redor.
A Psicologia Histórico-Cultural na clínica apropria-se desses princípios e desenvolve-os em um contexto psicológico. Ela compreende as ferramentas que o sujeito usa para transformar o mundo e a si deixa de ser simplesmente material e passa a ser também simbólica.
Logo, não se entende como ferramenta somente um martelo, uma enxada ou uma lança, mas também um gráfico, um sinal ou uma palavra. Vigotski diz que, assim como os instrumentos físicos, os instrumentos psíquicos (ou signos) também transformam a realidade.
Essa ideia é levada para a clínica histórico-cultural. Por isso, a relação entre terapeuta e sujeito em terapia é geradora de um processo dialético. Assim, através da geração do conflito, da contradição e da crise, novos instrumentos psíquicos são criados e o sujeito pode transformar a si e ao mundo.
2. É Dialógica
A geração das crises, conflitos e contradições na Psicologia Histórico-Cultural na Clínica deve ser feita de maneira muito cuidadosa. A principal maneira de o terapeuta histórico-cultural fazer isso é por meio do diálogo.
Por isso, dizemos que a escuta atenta, empática e cuidadosa é uma das principais ferramentas desse profissional. Tal escuta gera uma relação que é dialógica, fazendo o sujeito em terapia se sentir acolhido e, ao mesmo tempo, problematizando as suas colocações, forma de pensar e sentir.
Dessa forma, o Psicoterapeuta histórico-cultural, usando a escuta atenta, não se porta como um interlocutor frio que apenas se cala diante do que é exposto. Ele partilha sentidos e significados com o sujeito em tratamento, criando as possibilidades para o surgimento dos processos dialéticos.
3. É Intencional
Uma das características do método dialético de Vigotski é seu lastro interventivo, propositivo e intencional. Ou seja, o pesquisador ou profissional não se satisfaz apenas com a resposta inicial dada por um sujeito.
Na verdade, ele oferece uma segunda classe de estímulos que assumem a forma de signos e ajudam o sujeito a reformular sua resposta inicial. Com isso, o psicólogo histórico-cultural adota uma postura interventiva que foca no desenvolvimento do sujeito.
Essa característica é levada para a clínica histórico-cultural e o terapeuta, em um processo dialógico e dialético, intencionalmente fornece e/ou cria juntamente com o sujeito em terapia novas estratégias que possam substituir comportamentos fossilizados que, porventura, estejam prejudicando o desenvolvimento do sujeito.
Conclusão
Neste conteúdo você viu quais são 3 das principais características da Psicologia Histórico-Cultural na Clínica. É possível perceber que a clínica histórico-cultural está assentada nas bases filosóficas, metodológicas e conceituais da Psicologia Histórico-Cultural.
Dessa maneira, o psicoterapeuta histórico-cultural deve ter uma escuta atenta, gerando uma relação dialógica; deve buscar a contradição e a crise, criando processo dialéticos; e deve, intencionalmente, focar no desenvolvimento do sujeito. O que você achou? Ficou com alguma dúvida sobre esse assunto? Deixe um comentário!
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